Por um país mais justo: viva o povo brasileiro!


Isto de ser brasileiro é uma condição que traz alegrias e perturbações. Quer estejamos em casa acompanhando pelas mídias sociais, pelas ruas no meio de uma manifestação, ou mesmo a milhares de quilômetros de distância, todos nós brasileiros estamos envolvidos neste momento histórico do país. Engana-se quem pensa que os emigrantes, não se importam com o que está acontecendo. O Brasil não sai de nossos corações e mentes. Ser brasileiro é uma condição identitária e também política.
Nos últimos dias tenho lido a opinião de amigos e conhecidos sobre os acontecimentos. E tenho me deparado com muitas incertezas e elaborações filosóficas, que, algumas vezes, pouco tem a ver com a realidade das ruas.  Estamos todos atordoados e nos perguntamos: e agora, para onde estamos indo?

A população indignada ganhou as ruas, saiu da inércia diante das injustiças no país e se mobiliza em busca de mudanças. Não cabe a arrogância de achar que apenas intelectuais “politizados”, ou os conhecedores de direito constitucional podem se indignar e se manifestar.  Não estamos numa monarquia, onde apenas o rei e a nobreza tem voz. O Brasil é um país democrático e todos têm o direito e podem exercer influência no poder constituído por seus representantes. Sim, todos, os intelectuais, os estudantes e também os que não tiveram oportunidade de frequentar boas escolas, todo o povo enfim.  Isto é democracia.
A democracia no Brasil foi conquistada.  Anos atrás, muitos tomaram as ruas pelas eleições diretas. Eram também pessoas de todas as classes e muitos jovens, que nem podiam votar, mas, lutaram para que todos tivessem o direito de eleger seus governantes.  Outras grandes manifestações populares vieram seja pelo impeachment do Collor, ou nas eleições e outras. A manifestação política foi aprendida aos poucos.

Sobre o momento atual, na minha avaliação, o mal estar já estava instalado há muito tempo.  A internet possibilitou a circulação mais ágil e livre das informações e as mídias sociais permitiram a mobilização online que já dura anos:  aconteceu nas eleições,  no repúdio à atitude autoritária de alguns prefeitos,  na  causa indígena, no caso da Usina de Belo Monte, que mobilizou até muitos  estrangeiros. Existem muitas situações inexplicáveis e vergonhosas na política brasileira como o fato do Renan Calheiros, que foi afastado do cargo anteriormente por corrupção, ser reeleito e reassumir a presidência da Câmara dos Deputados.  Mais recentemente, o caso do Deputado Feliciano, com um perfil totalmente inadequado para a posição que ocupa na Comissão de Direitos Humanos. Um “religioso” homofóbico, machista e racista, que definitivamente não representa a sociedade brasileira. Isto virou até jargão nas mídias sociais. Enfim, a situação nauseante da política brasileira já incomodava há tempos. E agora as reações partiram do plano virtual para as ruas.

O brasileiro é um povo pacífico, festivo, acolhedor. Isto é parte de nossa identidade. O que gera a violência é a desigualdade social e o desrespeito aos direitos do cidadão. O Movimento Passe Livre, que iniciou a mobilização nas ruas de São Paulo contra o aumento do valor do transporte público, começou pacífico e foi reprimido com violência. Muitos, em repúdio à violência em São Paulo, foram às ruas ainda de maneira festiva, pelo que acompanhei pelas mídias sociais, até que novamente a violência descabida tentou calá-los em outras cidades: Belo Horizonte, Rio De Janeiro, Porto Alegre etc. E agora a violência se avoluma e ultraja por atingir indiscriminadamente idosos, crianças e não apenas a pequena parcela dos manifestantes que se mascaram e promovem vandalismo e pânico.

O que virá a partir de toda esta mobilização que se vê em várias cidades do país e até mesmo no exterior?  Pessoas de todas as classes, credos e ideologias, com diferentes demandas, mas, unidas e movidas pelo desejo de ter um país melhor e mais justo.  Chegou a hora da população se organizar e se orientar sobre seus direitos para buscar mudanças efetivas, dentro dos preceitos democráticos e sem violência. Não se sabe ao certo quem são os que estão se manifestando com vandalismo. Li alguns artigos e vi vídeos que me deixaram com dúvidas. A quem interessa o pânico e a desmobilização da população?

Aos que criticam os manifestantes, saibam que o cidadão tem o direito de realizar manifestações pacíficas. São muitos os brasileiros insatisfeitos com a qualidade dos serviços públicos essenciais e/ou indignados com a corrupção e a impunidade na política no país. Cabe aos governantes abrir canais de interlocução e buscar soluções para os problemas apresentados.

Eu avalio positivamente a atitude da Presidenta Dilma ao receber os manifestantes e representantes dos poderes legislativo e judiciário na tentativa de buscar soluções, em atendimento às demandas das ruas. Este é o caminho. Precisamos realmente de uma reforma política, porque o sistema está viciado há anos. Os políticos estão dispostos a coligações surreais para se manterem no poder e se esquecem de ideologias e principalmente, das necessidades básicas do povo. Isto a população não pode mais aceitar. Tomara que a harmonia nas ruas seja conquistada por meio de soluções abrangentes das demandas sociais. Viva o povo brasileiro! 

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